Em 12 de fevereiro de 2009, quando publiquei minha terceira crônica neste jornal, o leitor Jones Vieira Borges me escreveu um email pedindo que eu falasse sobre cachorros. Ele, que é um apaixonado pelo que chamou de “amigos de quatro patas”, me deu essa sugestão. Pouco mais de um ano, venho aqui para dizer: Chegou a minha cachorrinha, Jones! Da forma mais inusitada possível. Eu resistia à ideia de comprar um cachorro. Sei lá, mas o que há em mim pedia uma legítima guapeca – um termo lindo, que é o mesmo que vira-lata ou SRD, (sem raça definida) e que aprendi quando cheguei por aqui e tive meu primeiro cachorrinho em São Francisco do Sul. Chamei-o de Lupicínio, e o apelido era Lupi. Um guapeca lindo, marrom com olhos verdes. Foi para a casa de uma amiga em Guaramirim quando mudei pra Joinville. Na kit net que alugamos em Joinville não caberíamos nós três. Mas todas as vezes que vou pra Guará vou lá dar uma palavrinha com ele. E o bichinho me reconhece, senta e me dá a patinha igual a antigamente. Agora me acontece isso: no sábado de carnaval, voltando do baile, paramos para fazer um lanche na madrugada que escorria. Ela de cara se engraçou comigo. E eu com ela. Perguntamos ao dono da lanchonete se era dele. Disse que não, andava perdida por ali. Um amigo que estava com a gente perguntou se poderia levar. O homem disse: leva. Recostada na cadeira, a fantasia de “mexicano” do meu marido virou aconchego pra ela. Colocamos no carro e partimos. 5.50 da manhã do sábado. E desde então somos dela. Já conhece a casa da praia, fez a viagem São Chico-Joinville numa paciência sem igual debaixo de um calor perto do insuportável. Está em nosso apartamento e vai se acomodando aos poucos. Adora um carinho. A gente? A gente adora dar carinho pra ela. Uma vez por dia ela sai pra passear sua vida de cãzinha, como eu gosto de chamar. O nome dela é ARNICA. Uma homenagem às propriedades curativas da planta, ao poder curativo de um cachorrinho na vida de alguém e a uma amiga querida, que também batizou uma de suas lindinhas com esse nome. Hoje, depois de voltar do primeiro dia de aula na faculdade, ao abrir a porta, encontrei-a serelepe: abanando freneticamente o mormaço com seu rabo e fazendo gracejos. Até o ar que eu respiro ficou mais fresco com a alegria dela. E eu fiquei alegre, perdendo minutos nesse contato e me esquecendo do resto. ARNICA. Seus poderes são conhecidos desde a Idade Média - a Arnica montana é originária das regiões montanhosas do norte da Europa e desde tempos remotos é usada na cicatrização de ferimentos graças às suas propriedades regeneradoras de tecidos. Há controvérsias sobre origem do nome "Arnica", embora muitas referências indiquem que possa ser uma deformação da palavra grega 'ptarmica', que significa "que faz espirrar". Não é uma coincidência incrível? Arnica, a cachorrinha de que falo, espirra todos os dias! Já contamos isso ao médico veterinário e não há nada com ela. Acho mesmo que é graça do destino. Assim como a planta, que é um arbusto perene e que produz floradas abundantes de cor amarelo-ouro ou alaranjado. Que nem o sol. Ela, como ele, dá brilho para nossas vidas. Minha cachorrinha. Meu sol. A planta, por ser originária dos solos ácidos das montanhas européias, é de adaptação difícil no Brasil. Mas minha NICA segue se adaptando a nós e nós a ela. E vamos juntos florescendo.
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Que bela crônica Clotilde!! De uma beleza especial!! Gostei. Parabéns, parabéns pela NICA que ela lhe traga muitas alegrias para a saúde como a arnica planta!!!
ResponderExcluirUm grande beijo, :)
Suziley.
Óptimo texto.
ResponderExcluirBeijos.
É indescritível o poder que os animais têm sobre nós, e nós mal entendemos. E é incrível o quanto, às vezes, parecem até mais evoluídos.
ResponderExcluirSó pra ver a reação, chamei minhas duas cachorrinhas- Paçoquinha e Libby- de Arnica. Elas vieram correndo e minha dor de cabeça passou.
ResponderExcluirTaí um texto que desvenda o lado mais rico da alma humana: o da afeição.
Parabéns, Clo !!
Chico
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