terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

DESALINHOU!!!

lustração de Tulipa Ruiz
https://www.google.com.br/search?q=tulipa+ruiz&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=1uXwUqCWJ6OTyQHumIHIDA&veDESALINHOUD
d=0CAcQ_AUoAQ&biw=1242&bih=612


Enquanto ela falava, de um repente o moço disse o quão espantoso era o número de coisas que ela não gostava e foi num átimo e muito naturalmente que ela com o peito cheio de orgulho que veio num rompante e que num instante já era da vida inteira respondeu que sim que cada vez menos coisas ela gostava e continuou sentindo as coisas assim irem e virem enquanto o rapaz se espantava e flutuava no peso de um vazio que agora lhe parecia ancestral. 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

EU CATEDRAL

Catedral do Lixo de Vince Hannemenn
http://www.nopatio.com.br/ecofriendly/arte-sustentabilidade-e-arquitetura-catedral-de-lixo/

Mesmo que por algum ponto de vista obtuso ou não eu possa ser designada como ser biopsicossocialespiritual de fato sinto que sou argamassa cal e cimento, tijolo sobre tijolo e os ferros que fazem a amarração. Sou o vento que bate no rosto, o sol sobre a cabeça a pinga no final do dia e quem sabe isso tudo mais todos os meus erros de cálculo, meus destroços e a tentativa de formar um cômodo onde eu possa me abrigar de mim mesma e abrigar tubulações pra um dia ver a água jorrando da torneira e enxaguar o rosto ou tomar um copo dela ou mesmo meter a cabeça embaixo dela. Trago em mim fissuras estruturais, pilares e vigas e um enorme baldrame que serve de base para a inconstância das movimentações a que estou sujeita embora os efeitos de um sorriso cheguem até a superfície me descortinando feito vértebra depois um solavanco ou beijo de supetão e deve ser por isso que sob determinados ventos eu pareça quase desabar feito parede solteira no meio da sala de estar vendo todos de boca escancarada na sala de jantar. Sou tijolo sobre tijolo dos sonhos da casa inteira e suas partes, da torneira e da água jorrando sobre minha nuca e meus olhos enxergando o ralo da pia e meus ouvidos escutando o barulho da água cair e o resto repleto de silêncio e vontade.

domingo, 19 de janeiro de 2014

NO HAY PATIO SIN CIELO


No hay patio sin cielo. De hecho, el patio es el proveedor de un cielo doméstico. De un cielo no sublime, poco celestial quizá, un cielo amable, tranquilo. “Patio, cielo encauzado. El patio es el declive por el cual se derrama el cielo en la casa” (Borges, por supuesto). Por él llega la luz y la lluvia. También el sol y también la noche. La nieve y el rocío. Proveedor de sombra y amortiguador del viento, crea un microclima en el que se atenúan los rigores. Se refresca el calor, se templa el frío. Con un poco de agua alcanza su máximo esplendor. 
JORGE LUIS BORGES

SPECTACLE: VOLLMOND CORÉGRAPHE: PINA BAUSCH LIEU: WUPPERTAL 2006
fonte: http://www.flickr.com/photos/mmtheusmacena/7037297959

EXCLAMAÇÃO ENTRE VÍRGULAS
Clotilde Zingali

Mesmo que eu perdesse horas contando o tempo que passa, contando o quanto certas coisas demoram de fato eu nunca saberia de onde veio o vento do outro dia, aquele aguaceiro depois. Mesmo que eu pudesse mesmo dominar de algum modo o tempo eu não poderia em sã consciência pensar que algo qualquer se modifica por dentro quando você faz bainha em um pano de prato surrado pra caramba mas que tem um valor emocional pra você e faz isso na máquina de costura que foi de sua bisa que você nunca viu mas sente o peso da herança e sente o efeito da máquina tão obsoleta que não borda nem mia nem nada mas que, segundo uma amiga que viveu em Paris e fez essa pesquisa, é uma grande máquina e por uma espécie de derramamento energético você vê o pano de prato agora de volta às possibilidades do uso e sua bisa lá no céu talvez sorrindo e você mesmo todos ligados feito um desenho daqueles que se formam quando se une pontinhos e que você fazia quando era criança e num átimo sente o gosto ainda de ser. Ahe!

Postagem em destaque

SOBRE QUESTÕES RESPIRATÓRIAS E AMORES INVENTADOS

http://metropolitanafm.uol.com.br/novidades/entretenimento/imagens-incriveis-mostram-a-realidade-das-bailarinas-que-voce-nunca-viu...