protocolo sem indignação para quarta-feira de cinzas
foto: Clotilde Zingali - bar do Motta 2015
por excesso ou não de opacidade, quando se ultrapassa a ideia dos olhos e do olhar, o que sobra é oscilação e sobrevivência. sobra permear pelo ocaso. pelo acaso de estar no momento. sol que cai. eu dentro. por isso talvez garimpo e cavo a terra em busca do que freme e não brilha. de impulso e de ar. de sal e doce. porque preciso ter fome. isso nada tem a ver com a altura do morro ou as curvas do trajeto. nada que se possa calcular. se pondero e peso algo com minhas próprias mãos é porque talvez eu seja desenhada em ousadia e nitidez. todo contorno derivado do fluxo discreto da letra, pela forma integral da palavra e pelo que lhe dá impulso. no que sobra, sou caminho, pedregulho que barulha sob meus sapatos e o barulhinho das ondas que chegam no quintal de casa. sol que cai. eu dentro. tudo é viagem e pernoites. dia seguinte, café.