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quinta-feira, 6 de abril de 2017

SOBRE PÉS E PASSOS


http://www.facesfemininas.com/podolatria-de-onde-vem-o-fetiche-por-pes/

então um dia você está mexendo com vasos e flores e um vaso cai displicente. cai no seu pé. cai no dedo do seu pé direito. você corre com o que resta de você. corre sem o exato da dor e se atira no chão da cozinha. a porta do freezer aberta e todo o gelo na dor. se demora ali. depois disso é percurso e vida. meses até que uma nova unha possa começar a nascer. renascer por debaixo da casca quase morta e tão afeita a você. mas eis que um dia ela cai. pode ser no ultimo dia do mês. sempre sem hora marcada. num embaraço de pé e passo. ela desdobra e revela a outra bem debaixo. você sente a vida. uma quase dor crescer e empurrar a pele. flor de desembaraço. de pé e passo. de espaço pro passo. é vida. e rompe.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

EX-VOTO, ADÉLIA PRADO





Adélia Prado - Ex-voto
Na tarde clara de um domingo quente, surpreendi-me
Intestinos urgentes, ânsia de vômito, choro
Desejo de raspar a cabeça e me por nua no centro da minha vida
E uivar até me secarem os ossos
Que queres que eu faça Deus?


Quando parei de chorar, o homem que me aguardava disse-me:
Voce é muito sensível, por isso tem falta de ar!
Chorei de novo porque era verdade e era também mentira, sendo só meio consolo



Respira fundo, insistiu !
Joga água fria no rosto, vamos dar uma volta, é psicológico



Que ex-voto levo à Aparecida se nao tenho doença e só lhe peço a cura?
Minha amiga devota se tornou budista. Torço para que se desiluda e volte a rezar comigo as orações católicas.



Eu nunca ia ser budista!
Por medo de não sofrer, por medo de ficar zen
Existe santo alegre ou são os biógrafos que os põem assim felizes como bobos?



Minas tem coisas terríveis.
A serra da piedade me transtorna.
Em meio a tanta rocha de tão imediata beleza, edificações geridas pelo inferno, pelo descriador do mundo.



O menino não consegue mais, vai morrer, sem força para sugar a corda de carne preta do que seria um seio, agora às moscas.


Meu coração é bom mas não aceita que o seja.
O homem me presenteia.
Porque tanto recebo quando seria justo mandarem-me à solitária?



Palavras não, eu disse. Eu só aceito chorar!
Porque então limpei os olhos quando avistei roseiras e mais o que não queria, de jeito nenhum queria aquela hora, o poema, meu ex-voto.
Não a forma do que é doente, mas do que é são em mim.
E rejeito e rejeito premida pela mesma força do que trabalha contra a beleza das rochas.



Me imploram amor Deus e o mundo.
Sou pois mais rica que os dois.
Só eu posso dizer a pedra: És bela até a aflição!
O mesmo que dizer a ele: Sois belo, belo, sois belo.



Quase entendo a razão da minha falta de ar
Ao escolher palavras com que narrar minha angústia, eu já respiro melhor.



A uns, Deus os quer doentes, a outros quer escrevendo.

sábado, 4 de julho de 2015

PROSA DESARTICULADA EM SI MAIOR




PROSA DESARTICULADA EM SI MAIOR 


se de acaso em acaso respiro e transpiro, virada em palavra sigo dentro de um tempo que me soa agora mais determinado. em meio ao que me varre e assusta deparo com a ideia de esvair e secar. da profusão do mergulho na cheia da maré, da composição, da melodia e de juntar as coisas segundo um critério. em meio ao que me voa e assombra deparo com um olhar.  a beleza e o vazio de um olhar. no mais, mesmo que eu estranhe, talvez tudo seja leite derramado sobre natureza morta. choque e ausência de cor. vento e vertigem. se a vida é mesmo bobagem e irrelevância, liberdade e impotência, eu sigo. acho que viver é inspirar e seguir. 

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