domingo, 15 de janeiro de 2017

MINHA MENINA



Resultado de imagem para meninas desenho tumblrResultado de imagem para meninas desenho tumblrResultado de imagem para meninas desenho tumblrela tem cabelos longos e um encontro de vogais dentro do nome. no sorriso deixa entrever uma covinha. moro ali quando ela sorri de olhos arregalados. é quando aparece a sabedoria e a força do verbo.  um prenúncio de algo no passado que não foi completamente terminado. um atravessar pelo tempo. uma fábula para eu me aninhar. o mundo inteiro cabe nela. cabe até o universo. desolha meu oi bem lá dentro do olho e sorri fingindo sentir a alegria que sente. depois continua, ainda que sem falar. sem fazer sorrir a covinha. é onde lá? a gente sai pela porta da frente?  ela se ri do que inventa. tem um jeito só seu de arrumar o cabelo e de desenhar o caminho por onde passa e desarranja as definições todas. até as que insistem em resistir. depois ela parece guardada nas palavras, sobretudo nas mais simples e curtinhas, feito o seu nome. ainda que tenha sido feita sem a prerrogativa do nome, ela é toda cada letra e circunstância dele. tem também um hiato  no nome dela; que é um pedaço de tempo que define agora e depois. isso é, ao menos, duas vidas em uma. sorri quando digo para ela essa insignificância, mas tem um punhado de despropósitos na bolsinha que carrega atravessada no tronco. e faz arquiteturas e brejeirices como ninguém. tece de rios e flores um pedaço de papel. a parede, o banquinho e a penteadeira do quarto. no meio da sala, debaixo da noite, e da penumbra da noite, lê recostada no balanço da cadeira. sonha mundos. põe sol e chuva sobre o sofá e a cristaleira. sobre o tapete heróis espalhados com as pernas sobre a mesa. garota prodígio, tece de invenções os meus despropósitos e desperdícios. de novo eu moro na covinha enquanto ela, ali, vai enchendo vazios e adentrando o que pode haver no que se apresenta. uma manhã de sol, uma saia feita de cobertor, uma boneca assustadora que vai para o fundo da prateleira. (des)inventa as coisas enquanto fala e eu vou escutando as cores do que diz. acho mesmo que fico lá na música de fundo que sua voz vira e me entretém. ela me carrega assim para a cena que inventa e me deixa inaugurar horizontes que não conhecia. e isso é quando eu pego delírio e entro em estado de contemplação. pois dentro dela há profundidade e silêncio; e há tantas vidas dentro. cabe o universo nas covinhas que o sorriso dela faz. ela poderia ser tantas e é. ela é todas quantas houver e é também cada uma e a mistura delas. ela é porque é e é também quando eu a recrio ou invento. mas eu, eu olho mais um pouco a covinha e sei que mesmo, mesmo; ela é a minha Iaiá.

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