O AMOR E AS ABELHAS
Bom Dia, Joinville. Bom dia, leitor. Tenho que contar um segredo: sou moça escutadeira e certas vezes, quando pareço estar “ausente”, estou mesmo é ligada em coisas que capto por aí e que, confesso, não posso evitar somar com minha imaginação para depois reproduzir a vida que acontece “escondida” nos cantos da vida. Nossa saborosa vida. Vejam essa conversinha e me digam se meu “pecado” procede.
“As pessoas quando ficam, são ficantes. Quando amam, amantes. Quando namoram, namorados. Quando casados namoram, são namoridos. Os enamorados se enamoram de si e do outro, que é relativo a um estado de enamoramento”.
- Pára de rir, menino.
- Pra quê? Eu gosto de ver você me olhando assim.
- E por isso você ri? Tem graça... Mas eu gosto do seu jeito, sabia? Deixa eu te falar, sabe que eu tenho uma pitangueira em casa? Está comigo há três anos.
- E dá flor?
- Flor dá. Não dá é pitanga. Já viu pitangueira que não dá pitanga?
- Já vi coisa muito pior. Mas posso passar na sua casa.
- Você quer ver a pitangueira?
- É. Eu vejo ela também.
- Para de rir, menino.
- Eu vou de bicicleta. A gente pode dar uma volta depois.
- É. A gente pode, sim. O meio de transporte mais perigoso é a bicicleta, sabia?
- Nada.
- Eu moro em apartamento.
- O meio de transporte mais seguro é o elevador. Relaxa. Nem tudo está perdido. Sua pitangueira é grande?
- Quase bate no teto! Deve ter uns três metros...
- E dá flor mas não dá pitanga.
- Isso.
- Alguém me disse que pincelar as flores faz nascer as frutas.
- Sério?
- Diz que sim. Você tem que passar o pincel nelas quando estiverem abertas. Um pincel bem macio.
- Um pincel?!?
- Isso. Como se fosse pintar uma a uma. Eu posso te ajudar.
- Você quer?
- É exatamente o que quero.
- Mesmo? E o que acontece depois?
- A lenda diz que que a abelha, além de picar e fazer mel, ela carrega pólen. Então a gente vai abrir a flor com o pincel, abrir terreno para a abelha, criar o clima, entende?
- Eu acho que é você que tá criando clima falando desse jeito. Falando de abelha, de abrir a flor e de pitanga.
- Vai dar uma volta comigo de bicicleta?
- Eu rodaria o mundo com você. Vai comer geléia de pitanga comigo depois que tudo der certo?
- Você quer?
- O quê? Dar a volta de bicicleta? Que eu rode o mundo com você? Que você coma geléia de pitanga comigo?
- Eu quero isso. (dá um beijo nela)
- Sabe, o seu beijo tem um gosto bom.
- Pitanga também.
- Sério? Você já provou?
- Adocicado e ácido. Levemente ácido.
- Dizem que beijos ácidos são os melhores.
- Dizem?
- Dizem. Talvez seja o mesmo pessoal do “pincel nas flores” quem diz isso.
- Pode ser. Você é engraçada.
- E você é tão bonito.
- E a gente vai dar uma volta legal de bicicleta. Várias voltas.
- E a gente vai ver a pitanga nascer e depois vai fazer geléia juntos.
- É. A gente vai sim.
- Pra sempre juntos. (rindo)
- Pra sempre. (rindo)
- Então tá. Espero você.
- Você tem pincel lá?
- Até tem. Mas vou comprar um especialmente para esse fim. Acho que merece, não é?
- Não sei não...
- Pincel novo pode causar efeito contrário...
- Sério? Então melhor não arriscar. Usamos um dos meus.
- Fechado. Eu passo lá.
- Eu te espero. Um não sei o quê me diz que vai dar certo.
- Já deu. Tá sentindo?
- O que, menino?
- O cheiro da geléia que a gente vai fazer.
- Tá bom! Tchau, então.
- Tchau, até lá.
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Bem achado o texto, pleno de ritmo...
ResponderExcluirBeijo :)
Oi AC :) que legal que gostou. do amor e seus encantamentos... beijo também
ResponderExcluirQue coisa mais linda, Clô!
ResponderExcluirDiálogo lindo e texto super ritmado!
Se procede não sei, mas o cheiro da geléia eu senti também.
Beijos!
Ana
que gracinha! adorei :) beijo também!
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