quinta-feira, 1 de julho de 2010

ZEITGEBERS OU fatores de arrasto

ZEITGEBERS  ou fatores de arrasto

O livro “Você Quer o Que Deseja?” de Jorge Forbes, questiona se queremos, de fato, suportar nossos desejos. Nos sustentar no enorme vazio que o desejo abre em nós e como podemos entender e enfrentar o que possa derivar desse desejo, as coisas a que estamos submetidos e que nos arrastam. pra lá e pra cá. Ao repetir e escutar a pergunta que ele faz deparei com detalhes importantes: dúvidas, tomada de decisão, escolhas e claro, as renúncias! Sim, porque para pegar um caminho, leitor, é preciso “deixar” outro. E isso é que nem rapadura: É doce, mas não é mole não! Gera um estresse e um desconforto danado a ideia da “perda de algo”. De algo que muitas vezes, inclusive, não se tem. E tanta coisa pode ocorrer! Inclusive lutar para perseguir o desejo e logo após obtê-lo, desinteressar-se dele. O que aponta para outra árdua questão: de que nada possa ser suficiente na satisfação dos desejos. Porque seremos eternamente seres desejantes, sempre à procura do que é naquilo ou naquele que não é. teremos sim um eterno vazio. Talvez daí venha a beleza da poesia. Reconhecer o vazio e transformá-lo em imagem poética, na invenção do alheio que aponta para outro desejo: de inventar. De inventar-se. Re-inventar-se. Jorge Forbes fala que o artista talvez não a evite. que ele talvez busque atravessar essa fronteira, e estar ali, bem no meio da bifurcação. Na nevralgia. na fronteira. bem lá onde os músculos se estendem e ultrapassam seu potencial de estiramento. e nesse vivenciar o “arrebentar-se” ele inventa novas tensões. Altera a física, a química e a mecânica. Altera as possibilidades. É aí que fiz uma analogia com uma coisa que achei danada de bonita: zeitgebers sociais. Zeitgebers são fatores externos ao relógio de natureza rítmica que arrastam ritmos biológicos. Vem do alemão, Zeit=tempo; geber=dar. O ciclo claro-escuro é um exemplo. Zeitgeber social refere-se, então, a um conceito de ritmo social, aquele que é determinado pelas interações sociais de uma pessoa ou imposto por convenções sociais: “Vá para lá. Você deve fazer isso. Seguir por aqui. Ir por ali. Fazer desse jeito.” E o mais legal: zeitgebers sociais alteram zeitgebers biológicos e finalmente, alteram nosso comportamento. Por isso também se nomeiam “fatores de arrasto”. Algo que vem e detona uma mudança. FATUM. E onde isso ocorre com mais freqüência? Ali, bem na bifurcação, exatamente na fronteira entre um campo e outro. o estresse age, mudanças fisiológicas nos tomam, pressões sociais nos arrastam e lá vamos nós para o estiramento, para a angústia da escolha. Direto para a pergunta do autor: “Você quer o que você deseja?” Tentar responder a essa pergunta é o que podemos fazer quando nos vemos imersos em fatores de arrasto de toda ordem. Se não podemos evitar nem a bifurcação e nem o fluxo, podemos silenciar, escutar o “dentro” e com mais ou menos receio, mais ou menos medo, fazer uma aposta e tomar a direção. é isso o que nos pede o amor. e é isso que impede o arrasto. uma aposta.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Lindo texto, linda metáfora, bonita reflexão!

    É engraçado porque eu tenho uma dificuldade imensa de ler textos longos no computador, e mesmo quando leio é comum me dispersar no meio da leitura. Com este texto não.
    Pode até ser consequência do começo deste meu dia que não foi tão bom, e parece mesmo uma bifurcação. Mas, sem saber do que se tratava, decidi por ler seu texto e dar a devida atenção que merecia. Aos poucos ele foi me prendendo, e minhas reflexões começaram a inundar minha mente.
    Levou-me a uma outra questão. Escolher o caminho além de deixar o caminho oposto, é enfrentar as bençãos e possíveis provas do caminho escolhido. Dá um medo, pelo menos a mim, mas é preciso, e muitas vezes recompensador.

    Obrigada por esta divina leitura!

    Abraços,
    Ana.
    (Venho com frequência a seu blog, leio, mas não tenho certeza se já me apresentei. Descobri seus escritos através do Ítalo Puccini, e gostei muito. Sou de Joinville e escrevo, ainda no começo, ainda com muito a aprender.)

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  3. Para não variar mais uma preciosidade, que me deu gozo ler.

    Beijinho e bom fim de semana.

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