segunda-feira, 16 de março de 2015

TURBULÊNCIA

TURBULÊNCIA
FOTO: Clotilde Zingali    outubro/2014

de viés, vejo debruçado no tórax do homem o aparelho metálico. se me perguntasse, eu diria que, ainda que inexata, sinto agora estar um pouco mais demonstrável. aceito a ideia da mente como máquina de fazer relevâncias. no mais, sigo aberta e precipitada, exagero nas cores do que me anima e na amplitude do meu abandono. diria que ossos e músculos me carregam sob alcunhas diversas e que estou quase em paz. e se ele, o homem com o aparelho metálico debruçado no tórax perguntasse, eu diria que com mais ou menos ferrugem nos nervos, ainda sou volúpia e aconchego. fertilidade e seca. diria bem calma e pausadamente, que em cada palmo de mim o sol brilha e se apaga; que acato flores de cerejeira e revoadas de pássaros. aceito e acato o que chega e o que vai. procuro nas coisas vagas, cadência. mas se for preciso, eu brigo. ele, o homem, de olhos baixos talvez anotasse coisa qualquer no papel. talvez perdesse o sentido e caísse. o aparelho metálico debruçado em seu ombro também.

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