domingo, 1 de fevereiro de 2015

VENDAVAL SEM VIOLÃO





Clotilde Zingali - hidrográfica sobre papel 2014

não é porque recolhi uma a uma minhas coisas sobre a cadeira sobre a cama banheiro e até do armário da lavandaria encaixotei colares reclamações e até a torneira antiga da cozinha que um dia começou a pingar por anos e eu fechei não é porque dobrei lençóis toalhas recolhi pinça alicate calcinha e até uma cueca sua para ter de lembrança ou coar café para algum desafeto em um delírio que nunca terei ou porque guardei tudo que nunca houve de fato e agora tudo que é meu ou que um dia foi meu está lá dentro abafado emaranhado dentro de malas velhas no alto do armário que eu nem alcanço, não é.
é talvez essa sensação de estar quase morta quase viva sem poder respirar direito e ainda assim atravessar o vão livre entre a porta de entrada e a garagem quase nua quase vazia quase invisível para depois engolindo a laranja do suco as sementes as fibras e até a vitamina c que eu preciso para espantar os radicais livres que insistem; pensar em nossa história que já não é. 

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